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O risco desnecessário das plásticas refeitas

Por Luis Henrique Ishida, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo (SBCP-SP)

Existe uma reclamação cada vez mais comum em consultórios de cirurgiões plásticos. Pacientes insatisfeitas com implantes nas mamas buscam novas cirurgias pouco tempo após o primeiro procedimento. Os motivos variam muito, indo desde resultados diferentes da expectativa até complicações que não poderiam ficar sem uma nova operação. Mas existe um fator comum à maioria dos casos: a primeira intervenção foi realizada por médicos sem especialização em cirurgia plástica.

Questionadas sobre a opção, a maioria das pacientes tem a mesma resposta. Esses profissionais ofertam procedimentos a preços bem mais competitivos que a média dos cirurgiões plásticos em São Paulo. Como também são médicos, mesmo sem a especialização esperada, as pacientes se sentem seguras o suficiente para fazer a cirurgia e acreditam estar fechando um negócio vantajoso.

Há dois anos, a mesma situação começou a acontecer com pacientes submetidos à bichectomia, cirurgia que retira gordura das bochechas e proporciona uma aparência de magreza ao rosto. O procedimento havia ganhado evidência na imprensa e, por isso, a procura aumentou. Com a procura maior, médicos sem especialização e até dentistas passaram a ofertar a bichectomia e, mais uma vez, são pacientes desses profissionais que procuram cirurgiões plásticos para corrigir eventuais complicações e aperfeiçoar os resultados.

Agora, estamos nos deparando com casos de plásticas de rejuvenescimento facial conduzidas por ditos cirurgiões plásticos faciais. Na realidade, não são cirurgiões plásticos, isto é, não fizeram residência de cirurgia plástica e não possuem o respectivo título de especialista. Na verdade, são especialistas em otorrinolaringologia ofertando procedimentos numa das áreas mais delicadas da cirurgia plástica, em que até as menores sutilezas podem afetar a harmonia do rosto e provocar resultados com aparência artificial.

Claro que existem casos bem sucedidos. Mas a imagem da cirurgia plástica está sendo muito abalada pelos casos mal sucedidos. A cada complicação, a cada resultado insatisfatório, as pessoas comentam que fizeram uma cirurgia plástica e acabaram descontentes. Isso ecoa pela sociedade e, não raro, surgem pacientes que nunca fizeram uma cirurgia plástica, mas temem complicações que dificilmente aconteceriam sob os cuidados de um cirurgião plástico devidamente qualificado.

Operar com um cirurgião plástico não isenta da possibilidade de complicações, porém a escolha do profissional é o passo mais importante para uma cirurgia bem-sucedida. São inúmeros os cuidados que um cirurgião plástico estuda e observa ao conduzir qualquer procedimento estético. A formação nessa especialidade requer no mínimo 11 anos de estudos, mas não é raro encontrar profissionais que passam a vida em constante atualização. Isso é fundamental para alcançar bons resultados, reduzir o risco de complicações e saber lidar com elas quando necessário.
 

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