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Cannabis medicinal e nutrição na medicina integrativa
A Cannabis medicinal, amplamente estudada e regulamentada em diversos países, tem demonstrado eficácia no manejo de condições como dor crônica, ansiedade, insônia, inflamações e em condições neurológicas como epilepsias refratárias. Suas substâncias ativas, chamadas de fitocanabinoides, interagem positivamente com o Sistema endocanabinoide – SEC do corpo humano, responsável por regular funções bioquímicas e metabólicas com impacto positivo no humor, sono, e metabolismo, promovendo a homeostase do organismo.
A boa notícia é que, segundo estudos recentes, os efeitos terapêuticos da Cannabis medicinal podem ser potencializados quando combinados a uma abordagem nutricional adequada, maximizando os benefícios para a saúde. Tais estudos estão, inclusive, disponíveis para acesso digital. Embora essa combinação seja ainda um campo emergente na medicina integrativa, os resultados alcançados até o momento são bastante proeminentes e transformadores.
Quando o corpo está bem nutrido, ele consegue reagir melhor aos compostos bioativos presentes na Cannabis (os fitocanabinoides). Dessa forma, tal interação facilita o relaxamento e o equilíbrio físico e emocional, promovendo um bem-estar mais permanente. Por exemplo, uma dieta rica em ácidos graxos ômega-3, presentes em peixes e sementes, pode melhorar a biodisponibilidade de fitocanabinoides no organismo. Além disso, a inclusão de alimentos anti-inflamatórios, como cúrcuma, palmitoiletanolamida e frutas vermelhas, pode reforçar os efeitos da Cannabis no combate a processos inflamatórios crônicos.
Já pacientes com distúrbios de ansiedade que fazem uso de Cannabis medicinal podem se beneficiar de um planejamento alimentar que inclua alimentos ricos em magnésio e triptofano, que ajudam a regular o humor.
No caso de indivíduos que enfrentam doenças neurológicas, como epilepsia ou esclerose múltipla, o uso da Cannabis medicinal em sinergia com a adoção de dieta assertiva com nutracêutico rico em palmitoiletanolamida, pode otimizar a qualidade de vida desses pacientes, devido ao suporte ao melhor funcionamento cerebral.
E tem mais: para aqueles que sofrem de estresse oxidativo, relacionado ao envelhecimento precoce e ao desenvolvimento de doenças degenerativas, a combinação da Cannabis medicinal com alimentos ricos em polifenóis, como azeite de oliva e uvas, pode oferecer proteção celular e promover longevidade.
O casamento entre Cannabis medicinal e nutrição clínica abre espaço para uma abordagem mais personalizada e holística da saúde. Esse modelo considera o paciente como um todo, integrando diferentes terapias para alcançar equilíbrio físico e mental.
Os benefícios dessa combinação ainda vão além, ajudando, inclusive, a reduzir a necessidade de dosagens mais elevadas, o que diminui o risco de efeitos colaterais e torna o tratamento mais sustentável em longo prazo.
Esse é um ponto extremamente importante, principalmente considerando pacientes que precisam de acompanhamento contínuo, como os que convivem com condições crônicas ou dor persistente.
A interação entre Cannabis medicinal e nutrição clínica representa uma nova fronteira no cuidado com a saúde. Profissionais de saúde, pesquisadores e pacientes têm um papel preponderante na disseminação de informações e no fortalecimento da confiança nesses tratamentos.
Ao integrar essas duas áreas, é possível criar estratégias mais eficazes para enfrentar os desafios impostos pela vida moderna, promovendo não apenas a recuperação, mas também a prevenção e a busca por uma jornada mais equilibrada.
Dr. Daniel Pereira é Medical Science Liaison da Endogen, healthtech especializada em produtos de nutrição clínica e Cannabis medicinal. É graduado em ciências farmacêuticas e bioquímicas, mestre em ciências tecnológicas e química nuclear e fundador do curso de aperfeiçoamento em ciências farmacêuticas e fitoterápicas.