Como técnicas meditativas podem auxiliar no controle da compulsão alimentar - uma abordagem da mente sobre o corpo será apresentada dia 11 de setembro, das 8h30 às 9h30, no Centro de Convenções Frei Caneca/SP. O pesquisador Dr. Marcelo Csermak será um dos convidados. De acordo com o Dr. Marcelo Csermak, os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) critérios:
Comer muito e mais rapidamente do que o normal;
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Comer até sentir-se incomodamente repleto;
Comer grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto;
Comer sozinho por embaraço devido à quantidade de alimentos que consome;
Sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.
Para Marcelo Csermak, existe uma escala para diagnosticar esse transtorno, que foi traduzida e validada para o Brasil em 2002 com o nome de Escala de Compulsão Alimentar Periódica, e que pode ser usada como instrumento auxiliar, mas o diagnóstico é preferencialmente clínico, por meio de anamnese específica. Estudos epidemiológicos descrevem uma prevalência de CAP em 2% da população geral e cerca de 30% de obesos que procuram serviços especializados para tratamento de obesidade.
No Brasil cerca de 15% dos obesos mórbidos e 49% dos obesos que procuram tratamento para emagrecer possuem esse transtorno(1). No mundo, a prevalência estimada de CAP na população geral pode variar de 1,5 a 5% e em amostras clínicas de pacientes obesos encontra-se em torno de 7,5 a 30%. (2)
1. Brito, CLS; Mombach, KD; Stenzel, L. Transtorno de Compulsão Alimentar em Obesos Mórbidos. Centro da Obesidade Mórbida da PUCRS (COMPUCRS).
2. Stunkard AJ. Eating patterns and obesity. Psychiatr Q. 1959;33:284-95.
Como as técnicas meditativas podem auxiliar no controle dessa compulsão?
Para o Prof. Csermak as práticas meditativas, onde a mais estudada é chamada de mindfulness ou plena atenção, podem fornecer um caminho para a tomada de consciência em relação ao padrão destrutivo dos pensamentos e atitudes compulsivas e de ansiedade que são expostos na alimentação.
”Você cria a possibilidade de ser o observador da sua experiência onde você se torna capaz de sair do piloto automático do seu comportamento para identificar a possibilidade de novas escolhas conscientes, que te levam a um equilíbrio maior. As técnicas de Mindfulness ajudam a criar uma tolerância e conforto para aqueles sentimentos e emoções que são o padrão ansioso de comportamento. Ao aprender a verdadeira natureza das emoções, começamos a ter uma consciência mais profunda de nossas necessidades e assim nos tornamos mais compassivos conosco , aumentamos a autoestima e criando um novo e melhor relacionamento interno,” completa o especialista.
Para o pesquisador estas práticas têm o cunho essencialmente terapêutico sem qualquer vínculo com processos religiosos. Para tratamento destes distúrbios, a meditação neste caso diz Marcelo, teria um efeito significativamente maior se fosse administrado por profissional com conhecimento prático da técnica, como uma espécie de coaching, customizando a sua aplicação, sempre em conjunto com os demais tratamentos já consagrados, para este tipo de paciente.
“A ideia é que possamos treinar, com programas específicos de meditação, médicos, nutricionistas e psicólogos que atuam nesta área, afim de que eles possam administrar esta técnica de forma complementar ao seu tratamento. Na impossibilidade, pacientes por conta própria podem realizar as práticas diárias de 10 minutos, se possível 2x/dia, sentado em uma cadeira, observando sua respiração e depois as sensações corporais, se possível com o uso de áudios guiados com a técnica já gravada, pois isto ajuda no processo, diz”.
Saúde integral: mente-corpo-espírito
Cada vez mais torna-se um consenso de que a saúde integral passa necessariamente pela manutenção correta e equilibrada da tríade mente, corpo, alma. “Estudos em neuroteologia mostram que pessoas com valores espirituais evidentes e que praticam a sua comunhão com estes valores, tem maiores índices de cura e tem mais probabilidade de enfrentar as doenças com resiliência”.
De acordo com Marcelo Csermak “ter uma alimentação com maior nível de consciência ajuda demais a nos equilibramos e não cedermos tanto aos desejos sensoriais desenfreados que aniquilam a nossa saúde. Sabemos que não podemos comer tudo que queremos, sempre, para o resto da vida. Não ceder aos comportamentos compulsivos, gerar equilíbrio emocional e autocontrole pode ser a chave do sucesso para auxiliar este tipo de transtorno”.
“Cada vez mais a ciência vem estudando as técnicas meditativas e descobrindo-as como importantes aliadas no tratamento deste tipo de transtorno alimentar, pois a meditação nos proporciona um aumento do foco atencional e de nossa consciência sobre o que ocorre em nossa mente, aumentando a nossa capacidade de perceber nossos erros, ao mesmo tempo em que trabalha o controle da ansiedade, de reações exacerbadas no nosso cotidiano. A meditação especificamente focada para isto, também promove um novo encontro com a atenção e o prazer de comer um alimento com calma, pausadamente, respirando e prestando atenção na sua refeição, percebendo os níveis de saciedade, de ansiedade, trabalhando para uma melhora integral do nosso comportamento potencialmente desequilibrado em relação à alimentação.”
“Fisiologicamente a meditação libera neurotransmissores como dopamina e serotonina responsáveis por sensações de prazer e felicidade que podem ajudar e muito em uma dieta e no tratamento destes distúrbios alimentares,” completa o pesquisador.
Dr. Marcelo Csermak é pesquisador, mestre e doutorando em Ciências pelo Departamento de Psicobiologia da UNIFESP, é praticante, especialista e professor de técnicas meditativas (mindfulness) há mais de 18 anos, professor no Brasil do Tergar Meditation Community, finalista nacional do Prêmio Saúde da Editora Abril (2013) e Membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento.
Informações: <a target="_blank" href="http://www.vponline.com.br/congresso">www.vponline.com.br/congresso</a>
Foto: Dr. Marcelo Csermak