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HÉRNIA DE DISCO TEM VÁRIAS FASES E EXIGE DIFERENTES TRATAMENTOS, QUE PODEM SER MINIMAMENTE INVASIVOS
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aproximadamente 5,4 milhões de brasileiros sofrem de hérnia de disco. Grande parcela dessa população não tem informações corretas sobre essa doença e acaba submetendo-se a tratamentos que nem sempre são eficazes para acabar com as dores, o que pode gerar aumento dos sintomas e progressão da doença, gerando a médio e longo prazo problemas mais sérios na coluna.
Segundo o neurocirurgião Luiz Pimenta, atual presidente da Sociedade Mundial de Coluna e diretor do Instituto de Patologia da Coluna - IPC - em São Paulo, a principal dificuldade está em reconhecer, até mesmo por parte de alguns profissionais, a fase em que a hérnia de disco se encontra. "As diferentes fases requerem diferentes tratamentos, mas muitas vezes são tratadas erroneamente como se fossem a mesma patologia", explica o especialista. Confira o que diz o especialista.
Quais os sintomas e diagnósticos?
Para o diagnóstico correto, é necessária uma avaliação clínica e radiológica do paciente, definindo sintomas, localização da patologia e fase de degeneração em que ela se encontra. O principal sintoma é conhecido como ciática, que consiste na dor irradiada para as pernas. Dependendo da raiz nervosa atingida pela hérnia, a dor será irradiada para uma área específica do membro, o que deverá ser diagnosticada pela avaliação clínica e confirmada pelos exames de raios-x, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
A ressonância magnética é o exame mais indicado para o diagnóstico correto da doença, pois fornece ao médico informações valiosas a respeito da localização, grau de degeneração e as estruturas envolvidas, permitindo assim um tratamento específico direcionado para cada caso.
O disco intervertebral tem como função principal a absorção de impacto, bem como permitir movimentos em diferentes eixos de rotação. Ele é formado por um núcleo pulposo (centro gelatinoso) e pelo ânulo fibroso (periferia rígida) que circundam o núcleo. São essas características anatômicas que dão ao disco a capacidade de absorção de carga e movimentação.
Quais as fases da hérnia de disco?
A hérnia de disco divide-se em 4 fases, de acordo com o seu grau de degeneração. Além disso, ela pode estar ou não associada a outras doenças do disco vertebral e da coluna:
1ª Fase - Abaulamento discal: Etapa inicial da doença. O disco intervertebral começa a apresentar sintomas de envelhecimento e suas fibras (anel fibroso) apresentam fissuras que levam o disco a uma forma de arco. É como uma câmara de pneu velha que perde a capacidade de manter sua forma natural, formando-se bolhas.
Tratamento: Nessa fase o tratamento deve incluir antiinflamatórios, e na fase aguda repouso. Na fase pós-aguda fisioterapia e reforço muscular para evitar o avanço da degeneração.
2ª Fase - Protrusão discal: Nessa etapa o abaulamento do disco é maior podendo atingir nervos, medula e saco dural. A doença está em uma fase mais avançada, normalmente acompanhada de início de degeneração discal.
Tratamento: Nos casos de protrusões são indicados procedimentos minimamente invasivos como injeções espinhais. Dependendo do caso o tratamento também pode ser cirúrgico.
3ª Fase - Hérnia de Disco: A hérnia de disco consiste em uma extrusão do disco vertebral, normalmente contendo o núcleo pulposo do disco intervertebral envolvido pelo anel fibroso já em estágio avançado de degeneração. As estruturas nervosas estão comprometidas pelo estreitamento dos canais por onde passam os nervos, medula ou saco dural (canal medular).
4ª Fase - Sequestro ou Fragmento: Essa é a etapa mais rara da patologia, e consiste na ruptura da parte herniada com o disco intervertebral. Parte do disco que se encontrava extruso se separa do disco e acaba comprometendo as estruturas nervosas, dependendo da posição do fragmento.
Tratamentos: Para as etapas mais avançadas, é necessária a descompressão das estruturas afetadas, retirando-se o fragmento da hérnia. Esse procedimento também pode ser realizado de uma maneira minimamente invasiva, em que através de uma pequena incisão chega-se até o local afetado, retirando-se apenas o fragmento extruso. Para os casos mais graves é recomendada a retirada total do disco e a fusão dos corpos intervertebrais."Atualmente existem tratamentos minimamente invasivos para todas as fases da patologia, desde o tratamento clínico, através de fortalecimento muscular e educação postural, até os procedimentos cirúrgicos de artrodese e artroplastia. O importante é que o paciente procure um bom especialista, que será capaz de diagnosticar e oferecer os tratamentos mais indicados para cada caso." - finaliza Dr. Pimenta.
Dr. Luiz Pimenta é um dos mais conceituados especialistas em coluna do Brasil na atualidade. Formado em medicina na Universidade de São Paulo (1971), ele especializou-se em Neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina (1971 -1977), e é PhD em Neurocirurgia pela mesma Instituição (1980). Entre outras atividades é Professor Associado [associate professor] do Departamento de Neurocirurgia da UCSD (University of Califórnia San Diego) nos EUA; é o Presidente em exercício da Sociedade Mundial de Coluna (World Spine Colunm Society), Membro da diretoria do SAS (Spine Arthroplasty Society - Sociedade Internacional para o avanço da cirurgia de coluna) nos EUA, e diretor do Instituto de Patologia da Coluna em São Paulo. Membro de diversas outras Sociedades no Brasil e exterior o trabalho do Dr. Luiz Pimenta se destaca pelos estudos e pelas inúmeras publicações em livros e revistas científicas internacionais, além de ser o idealizador de diferentes projetos em avanços das cirurgias de coluna, como por exemplo, o Disco Artificial Cervical "PCM". Atualmente, ele é reconhecido em sua área por sua extensa contribuição para a medicina mundial.