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PESQUISA INÉDITA SBPT/DATAFOLHA COMPROVA GRANDE DESCONHECIMENTO DA POPULAÇÃO EM RELAÇÃO À PNEUMONIA
Estudo Saúde Respiratória e do Pulmão revela alto índice de desinformação, um dos principais responsáveis pela alta mortalidade no País.
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), preocupada com a falta de informação da população em relação à saúde respiratória, encomendou junto ao instituto Datafolha pesquisa inédita no País. Denominado Saúde Respiratória e do Pulmão, o estudo comprova o desconhecimento de males importantes, como a pneumonia, que é a principal causa de morte por doença infecciosa no mundo.
No Brasil, é a principal razão de internação hospitalar no SUS, excluídas questões relacionadas à gestação, totalizando 900 mil casos por ano. Segundo Datasus (out/2010), em 2009, foram 45.500 mortes no País, sendo mais de 70% delas em indivíduos com mais de 60 anos de idade.
A pesquisa pretende quantificar o tamanho da desinformação e alertar não apenas a sociedade, mas também autoridades para mais este grave problema de saúde pública. Veja os comentários da Dra. Jussara Fiterman, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
Desconhecimento e mortalidade
A conclusão dos números de Saúde Respiratória e do Pulmão é a de que a população não apenas desconhece a pneumonia, como em geral não conhece os sintomas, formas de prevenção, agravantes ou o médico que deve se procurado em casos de suspeita.
O principal fator responsável pelo agravamento da pneumonia é o atraso do início do tratamento. A demora em procurar o médico, a automedicação ou a realização de exames inadequados levam a quadros mais graves e até mesmo à morte.
Esta pode ser a origem de tantas hospitalizações e mortes no País. No entanto, nenhum destes fatores foram citados na pesquisa. Dos 2.147 entrevistados que afirmaram conhecer a pneumonia, 6% não souberam citar um único fator que pode aumentar o risco de uma pessoa adquirir ou agravar a doença. Dos demais, 67% citaram clima frio ou úmido; 46% fumaça de cigarro; 42% ar-condicionado/ventilador; 37% pó/poeira; 36% poluição; 9% hereditariedade; 6% sedentarismo e 2% consequência de gripe mal curada.
O que causa a pneumonia é a infecção por vírus ou bactéria, que originam as pneumonias viral e bacteriana. Ambas as versões são agravadas, basicamente, pelo atraso no início do tratamento, pois a maioria dos casos responderia muito bem aos medicamentos.
Se o antibiótico correto não for dado nas primeiras seis horas do início dos sintomas plenos, a mortalidade aumenta em 20%.
Por este motivo reconhecer os sintomas e procurar o médico pode ser determinante no sucesso do tratamento. No entanto, 23% dos entrevistados que afirmam conhecer a doença não souberam citar um único sintoma. Os sintomas mais citados pelos demais foram dores no peito, pulmões, tórax e nas costas (37%); calafrios (35%); tosse seca, contínua (31%); falta de ar (23%) e mal estar, indisposição (19%).
Numa situação hipotética, suspeitando da pneumonia, 40% não saberiam a que médico recorrer. Os demais, 33% iriam a um clínico geral; 25% ao pneumologista; 1% ao infectologista; 1% ao ‘especialista em pulmão’ e 1% ao otorrinolaringologista.
A desinformação não para por aí. O diagnóstico da doença também é mistério para grande parte da população. Além do exame clínico realizado pelo médico em consultório, o raio-x é suficiente para diagnosticar a doença e iniciar o tratamento medicamentoso. São exames rápidos e simples. Apenas 29% apontaram a escuta do pulmão, e pouco mais da metade (58%) optaria pela radiografia. Todas estas respostas foram dadas depois de visualizar uma lista de diversos exames utilizados pela pneumologia para os diversos males do sistema respiratório. Foram citados, equivocadamente, tomografia (26%), teste do escarro/baciloscopia (15%), broncoscopia (8%), teste do sopro/espirometria (6%) e teste subcutâneo de Mantoux (2%). Ainda, 18% não souberam citar um único exame.
MITOS E VERDADES
A Pneumonia está relacionada a dois grandes mitos das doenças respiratórias:
• Resultados de gripe mal curada
Para 2% dos entrevistados, a pneumonia é resultado de uma ‘gripe mal curada’. Não existe gripe mal curada, o que existe é um individuo fragilizado por uma gripe, com resistência baixa, mais suscetível a diversas doenças, entre elas a pneumonia, pois a gripe diminui as defesas do organismo, inclusive do aparelho respiratório. Com isso, as bactérias chegam com mais facilidade e se instalam, fazendo uma doença subsequente. A gripe é auto-limitada, vai se curar sozinha, mas nessa trajetória deixará as barreiras abertas para a bactéria entrar. O sistema imunológico, por sua vez, não presta atenção na bactéria porque está ocupado com o vírus. O mesmo aconteceu recentemente com a gripe suína. Muitas das vítimas desta gripe tiveram suas mortes causadas por pneumonia bacteriana. Esta infecção secundária se instalou durante o curso da gripe, foi agravada e acabou levando o paciente à morte durante o combate ao vírus H1N1.
• Princípio de pneumonia
Esta é outra expressão bastante comum, mas sem nenhum fundamento. Não existe princípio da doença, visto que é uma infecção. Ou o indivíduo está infectado, ou não está. As bactérias causadoras da pneumonia existem normalmente nas vias aéreas, assim como no meio ambiente, mas o sistema imunológico geralmente as bloqueia e não adoecemos. Mas com a baixa imunidade elas podem nos levar à pneumonia, é a chamada pneumonia comunitária.
Outros dados sobre a pneumonia
De acordo com o estudo Vigilância Epidemiológica de Pneumonias no Brasil, realizado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, em setembro de 2007, a incidência mundial da pneumonia é de 12 casos em 1.000 habitantes ao ano. A pneumonia bacteriana é responsável por 20% a 40% das hospitalizações de menores de 5 anos nas Américas, sendo a segunda causa de morte nesse grupo. É também a segunda causa de internação de idosos.
Os principais grupos de riscos da doença são as crianças menores de 5 anos e os adultos com mais de 60. Fumantes, etilistas, indivíduos que vivem em instituições como asilos ou orfanatos, portadores de diabetes, hipertensão arterial sistêmica, imunodepressão, doentes renais crônicos, portadores de doença hepática ou anemia hemolítica também devem ter atenção redobrada, pois são mais suscetíveis.
A pesquisa
Com o objetivo de levantar junto à população brasileira mais informações sobre o seu conhecimento acerca da saúde respiratória e dos males que a atingem, foram entrevistados 2242 brasileiros com 16 anos ou mais, pertencentes a todas as classes econômicas, em uma pesquisa quantitativa, com abordagem pessoal, em pontos de fluxo populacional.
As entrevistas foram realizadas mediante aplicação de questionário estruturado, com cerca de 20 minutos de duração, distribuídas em 143 municípios, com margem de erro máxima de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.
O desenho amostral foi elaborado com base em informações do Censo 2000/ estimativa 2009 (Fonte: IBGE), com a estratificação por Unidade Federativa e porte dos municípios, de acordo com os pesos das regiões brasileiras, de forma a representar o universo estudado.
Desta forma, 39% dos entrevistados residem na região Metropolitana e 61% no interior. A maioria deles possuía entre 16 e 44 anos (67%), tem filhos (62%), possui escolaridade fundamental (47%), pertence à classe C (48%), faz parte da população economicamente ativa (68%), possui renda familiar até R$ 1.020,00 (até 2 salários mínimos) (51%), reside na região Sudeste (43%)
PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS NA PESQUISA
(Não estão necessariamente corretos. Apenas refletem a opinião dos entrevistados)
• O que causa ou agrava a pneumonia?
67% clima frio ou úmido
42% ar-condicionado
37% pó ou poeira
36% poluição
46% cigarro
O correto seria dizer que a pneumonia é causada por vírus e bactérias, e agravada pela baixa imunidade do paciente aliada à demora no início do tratamento
• Principais sintomas da pneumonia
37% dores no peito/torácica/pulmonar/nas costas e costelas
35% febre, calafrios
31% tosse, tosse seca, contínua
23% falta de ar, dificuldade para respirar
19% mal estar, indisposição, dor no corpo, dores nas pernas, dores da lombar
17% catarro
11% chiado no peito
23% não sabe
• Como é feito o diagnóstico da doença?
58% raio-x
29% sugeriram a escuta do pulmão
26% tomografia do pulmão, torax
15% teste do escarro (utilizado no diagnóstico da tuberculose)
18% dos entrevistados não souberam responder
• A qual médico recorrer?
33% iriam a um clínico geral
25% pneumologista
1% otorrinolaringologista
1% infectologista
1% especialista em pulmão
40% não sabem a qual médico recorrer no caso de gripe