Noticias
Cannabis Medicinal demandará investimentos em estudos clínicos
A Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides, BRCann, indica que a projeção pode superar a marca de 300 milhões de reais
Em um movimento estratégico para consolidar o mercado regulado de cannabis medicinal no Brasil, a Anvisa aprovou recentemente a Análise de Impacto Regulatório (AIR), essencial para a revisão da RDC 327/19. A medida visa priorizar a comercialização de produtos de cannabis nas farmácias e drogarias sujeitas à vigilância sanitária, em detrimento dos produtos importados pela RDC 660/22 ou manipulados por associações de pacientes.
Atualmente, a Anvisa já emitiu 36 autorizações sanitárias para produtos de cannabis no contexto da RDC 327/19, dos quais 26 estão efetivamente no mercado.
O mercado brasileiro de cannabis medicinal vive um momento de transição significativo. Nos últimos dois anos, houve uma desaceleração nas importações, enquanto as vendas nas farmácias mais que dobraram ano a ano. O crescimento deste mercado regulado impulsionou a concorrência e o consumo local, resultando em uma redução contínua nos preços dos produtos de cannabis disponíveis nas farmácias do país. Observou-se uma queda histórica de 25% no valor médio dos produtos nos últimos três anos.
Nos últimos 12 meses, as vendas de produtos de cannabis movimentaram R$ 170,2 milhões, com 438 mil unidades vendidas e 95 mil pacientes atendidos. Esses dados, fornecidos pela consultoria IQVIA, especializada em monitoramento de vendas no varejo farmacêutico, sublinham o crescimento acelerado do setor, além de refletirem a crescente aceitação e demanda por produtos regulamentados pela Anvisa.
Crescimento explosivo nas vendas de cannabis medicinal
Os dados da IQVIA revelam um crescimento substancial nas vendas de produtos de cannabis medicinal nas farmácias. Apenas entre janeiro e abril de 2024, foram comercializadas 165,8 mil unidades, um aumento de 96% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Este crescimento robusto e sustentado demonstra que o mercado de cannabis medicinal no Brasil está em uma trajetória ascendente, com clara mudança do perfil de consumo, além de enorme potencial para transformações significativas na saúde pública e nas oportunidades de negócios.
Prazo estendido para estudos clínicos
Originalmente transitória, a RDC 327/19 estava prevista para durar cinco anos. Agora, a Anvisa considera estender esse prazo por mais cinco anos, permitindo que as empresas que se submetem aos termos da RDC 327/19 completem os estudos clínicos necessários para alçar os produtos de canabis à posição de medicamentos – fitoterápico, específico ou novo.
A pandemia de covid-19, que coincidiu com a promulgação da regulamentação, atrasou significativamente o avanço das pesquisas, então a forte atuação da Anvisa em prol desta extensão visa corrigir as distorções experimentadas pelo mercado.
Investimentos robustos e mercado em expansão
A indústria farmacêutica deve investir substancialmente em estudos científicos para comprovar a eficácia e segurança dos produtos de cannabis, uma exigência regulatória para que sejam qualificados como medicamentos, tenham seus preços regulados pela Câmara de Medicamentos (CMED) e, eventualmente, incluídos na CONITEC.
A BRCann estima que o setor deve destinar cerca de 300 milhões de reais nos próximos três anos para a realização dos estudos clínicos necessários.
Segndo a entidade, o investimento imediato em estudos clínicos não é apenas uma exigência regulatória, mas uma estratégia essencial para liderar um mercado em expansão. Isso também proporcionará produtos seguros e eficazes aos pacientes, ao mesmo tempo em que reduzirá a circulação de mecanismos alternativos não regulados no Brasil.