Pela primeira vez no mundo, o sistema robótico de aquisição de imagens Loop-X foi utilizado para realizar uma cirurgia de neuromodulação sacral. O feito aconteceu no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS).

A neuromodulação sacral é o tratamento mais recomendado para pacientes com bexiga hiperativa, com incontinência urinária de urgência e sem resultados com outras terapias. Consiste, em um primeiro momento, na implantação de um eletrodo junto ao nervo sacral – responsável pelo controle da bexiga e do esfíncter uretral. Depois de uma semana, o paciente é avaliado para verificar a resposta ao tratamento. Em casos positivos, ele é submetido à implantação de um gerador, que promove a estimulação crônica do nervo sacral, melhorando a qualidade de vida dos pacientes em longo prazo.

A bexiga hiperativa é um conjunto de sintomas, que inclui a urgência miccional, ou seja, a vontade súbita e descontrolada de urinar (o grande incômodo para quem sofre desta doença), fazendo a pessoa ir ao banheiro de forma repentina e várias vezes ao dia e à noite. Muitos relatos incluem até mesmo a diminuição do convívio social e a baixa autoestima, por conta deste sintoma.

No estudo The prevalence of lower urinary tract symptoms (LUTS) in Brazil: Results from the epidemiology of LUTS (Brazil LUTS) study, realizado em 2018, o coordenador de Neurourologia (Núcleo de Disfunções Miccionais) do Serviço de Urologia do Hospital Moinhos de Vento, Marcio Averbeck, denotou que um a cada quatro brasileiros apresentam sintomas de bexiga hiperativa e a maioria deles não procura ajuda. Entre os motivos, estão o desconhecimento sobre os tratamentos disponíveis - medicamentos e procedimentos -, como exercícios do assoalho pélvico, mudanças de hábitos e até mesmo a própria neuromodulação sacral. Além disso, o constrangimento quanto ao assunto e a falsa crença de que trata-se de uma condição hereditária e de envelhecimento, "natural", também impedem as pessoas de procurarem o tratamento médico mais adequado.

Já o Loop-X, "é uma espécie de robô de aquisição de imagens em 2D e 3D que permite a visualização com detalhes dos nervos sacrais, bem como a fusão de imagens de ressonância magnética de alta definição com o sistema de aquisição de imagens no transoperatório", explica o urologista também responsável pela condução da cirurgia inédita. A tecnologia permitiu a realização do procedimento em um menor intervalo de tempo e com mais segurança. Segundo o chefe do Serviço de Urologia, Eduardo Carvalhal, "esse equipamento aumenta a precisão e o controle do procedimento, possibilitando que as cirurgias sejam mais eficientes e seguras".