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Inteligência Artificial redesenha o futuro da oncologia na ASCO 2025

Durante o maior congresso mundial sobre o câncer , especialistas debatem como tecnologias de IA estão transformando diagnóstico e tratamento do câncer; Estudos liderados por brasileiros sobre uso desses sistemas de análise recebem destaque na programação

A inteligência artificial (IA) está rapidamente passando de promessa futurista para realidade clínica na oncologia, e esse avanço será destaque no Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) 2025, que acontece entre 30 de maio e 3 de junho em Chicago, Estados Unidos. Uma das sessões educacionais mais aguardadas do evento, "Artificial Intelligence in Cancer Care: The Evolving Role of Decision Support in Care Delivery and Practical Application in Your Practice", reunirá especialistas para discutir a integração dessas tecnologias na prática oncológica diária.
 
Para Carlos Gil Ferreira, diretor médico da Oncoclínicas&Co e presidente do Instituto Oncoclínicas, a sessão reflete um momento de transição na forma como a oncologia está sendo praticada globalmente. "Estamos testemunhando uma verdadeira revolução na oncologia com a introdução de ferramentas baseadas em inteligência artificial. Não se trata mais de uma tecnologia experimental, mas de sistemas que já estão sendo implementados em grandes centros oncológicos mundiais e que começam a transformar a prática clínica," afirma.
 
Segundo o especialista, que participará presencialmente do congresso, a aplicação de IA em oncologia está avançando em múltiplas frentes, desde a identificação precoce de tumores em exames de imagem até a análise complexa de biomarcadores. "A IA está nos permitindo identificar padrões e correlações que o olho humano não consegue detectar. Isso significa que podemos diagnosticar certos tipos de câncer mais precocemente e com maior precisão, além de personalizar tratamentos com base em características moleculares específicas do tumor de cada paciente," explica.
 
O impacto dessas tecnologias já é sentido no Brasil, onde instituições como a Oncoclínicas têm investido em infraestrutura para implementar sistemas de suporte à decisão baseados em IA. "No Brasil, já estamos utilizando algoritmos que auxiliam na interpretação de exames de imagem e na análise patológica. Isso é especialmente importante em um país de dimensões continentais como o nosso, onde há escassez de especialistas em determinadas regiões. A IA tem o potencial de democratizar o acesso a diagnósticos de alta qualidade no médio e longo prazo", destaca Carlos Gil.
 
Exemplos práticos
Um dos temas que serão abordados em diferentes sessões da ASCO é justamente como essas tecnologias podem ajudar a diminuir disparidades no acesso à saúde. "A IA pode expandir significativamente a capacidade dos profissionais de saúde, especialmente em áreas com recursos limitados. Um patologista ou radiologista apoiado por ferramentas de IA pode analisar um número muito maior de casos com maior precisão," comenta o especialista.
 
Carlos Gil menciona uma análise brasileira, que tem como autor principal o oncologista Pedro Henrique Souza, da Oncoclínicas Rio de Janeiro, cuja apresentação detalhadas acontecerá no congresso em formato pôster. O ensaio mostra os resultados positivos do uso de ferramentas de IA para identificação de lesões cervicais de alto grau, alterações no colo do útero causadas por infecção pelo HPV (papilomavírus humano) que, se não tratadas devidamente, podem evoluir para câncer de colo de útero - o terceiro tipo de tumor mais comum entre mulheres por aqui, com incidência estimada de 17.010 novos casos para 2025, conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
 
Outra análise concreta desse impacto da IA na oncologia será apresentado através de um estudo que comprovou aumento de 22% na precisão diagnóstica do câncer de mama HER2-baixo e HER2-ultrabaixo. A pesquisa, que envolveu 105 patologistas de 10 países da Ásia e América do Sul, incluindo o Brasil, mostrou que o uso de uma plataforma digital assistida por IA melhorou substancialmente a capacidade dos especialistas em identificar corretamente níveis sutis de expressão da proteína HER2 em amostras tumorais. 
 
"Estes estudos confirmam o que temos observado na prática clínica: a IA não apenas complementa o trabalho do patologista, mas pode transformar fundamentalmente a qualidade do diagnóstico em oncologia. É um avanço que se traduz diretamente em acesso a terapias direcionadas que podem mudar significativamente o prognóstico e, assim, oferecer não apenas mais anos de vida com qualidade para os pacientes" ressalta Carlos Gil, que não participou diretamente das pesquisas citadas, mas tem acompanhado de perto esses avanços.
 
Para ele, estes estudos exemplificam perfeitamente por que a ASCO decidiu destacar o tema da inteligência artificial em sua programação este ano. "A IA pode preencher lacunas importantes na prática clínica atual. Não estamos falando de substituir a visão humana dos médicos, mas de oferecer ferramentas que amplificam sua capacidade diagnóstica e, consequentemente, expandem as possibilidades terapêuticas para os pacientes," diz.
 
Debate entre especialistas é essencial
No entanto, Carlos Gil alerta para os desafios que acompanham essa revolução tecnológica. "Precisamos garantir que essas ferramentas sejam validadas clinicamente, que não perpetuem vieses existentes nos dados de treinamento e que sejam acessíveis tanto a centros de excelência quanto a hospitais com menos recursos. A implementação responsável da IA em oncologia deve ser uma prioridade para gestores de saúde e formuladores de políticas," adverte.
 
Outro ponto de destaque é a necessidade de capacitação dos profissionais para trabalhar com essas novas tecnologias. "Estamos promovendo na Oncoclínicas programas de treinamento para que nossos médicos e pesquisadores possam não apenas utilizar sistemas de IA, mas também participar ativamente do desenvolvimento e validação dessas ferramentas. O futuro da oncologia será construído na interface entre a expertise clínica e o poder computacional," afirma o diretor médico.
 
A ASCO 2025 também discutirá como integrar os sistemas de IA ao fluxo de trabalho clínico sem aumentar a carga sobre os profissionais de saúde. "Uma preocupação legítima é que essas tecnologias acabem adicionando mais camadas de complexidade ao já sobrecarregado sistema de saúde. O desafio é desenvolver interfaces intuitivas que se integrem naturalmente à rotina clínica e realmente economizem tempo dos profissionais, permitindo que eles foquem no que é mais importante: o cuidado personalizado com cada paciente," explica Carlos Gil.
 
Com estudos sendo apresentados em diversas áreas da oncologia durante o congresso, ele acredita que veremos um aumento expressivo na adoção de sistemas de IA nos próximos anos. "O congresso da ASCO sempre foi um termômetro das tendências que moldarão o futuro da oncologia. A proeminência da IA na programação deste ano sinaliza claramente que estamos entrando em uma nova era do tratamento do câncer, onde dados e algoritmos trabalharão lado a lado com a expertise clínica para oferecer os melhores resultados possíveis aos pacientes," finaliza Carlos Gil Ferreira.
 
ASCO 2025
O Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínicas em 2025 tem como tema "Transformando o Conhecimento em Ação: Construindo um Futuro Melhor", com foco em impulsionar a pesquisa sobre o câncer para mudanças acionáveis. Ao longo da programação, entre os dias 30/05 e 03/06, o congresso contará com ensaios clínicos inovadores, a Palestra do Prêmio Karnofsky, e o ASCO Voices , que destacará diversas perspectivas em oncologia.

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