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A testosterona e a saúde feminina
Dr. Alexandre Rossi
A testosterona é um hormônio vital para a saúde feminina, mas é importante compreender o seu papel, identificar eventuais desequilíbrios e, se necessário, considerar a suplementação de forma criteriosa e personalizada, sempre sob a orientação de um médico ginecologista.
Amplamente conhecida como o principal hormônio sexual masculino, o Dr. Alexandre Rossi, médico ginecologista e obstetra, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP explica que a testosterona também desempenha um papel crucial e muitas vezes subestimado na saúde da mulher.
“Produzida em pequenas quantidades pelos ovários e glândulas adrenais, esse hormônio é essencial para o bem-estar, influenciando diversas funções corporais e mentais”.
Vital para a libido, energia, humor e bem-estar geral, também contribui para a densidade óssea, massa muscular e saúde cardiovascular. Quando seus níveis estão equilibrados, as mulheres tendem a se sentir mais dispostas, com melhor concentração e um vigor que impacta positivamente a qualidade de vida.
Quando dosar?
A dosagem dos níveis de testosterona em mulheres não deve ser realizada rotineiramente, mas apenas quando há sintomas sugestivos de deficiência ou excesso hormonal, alerta o Dr. Alexandre.
“Alguns sintomas podem indicar a necessidade desta dosagem, como por exemplo redução da libido, fadiga persistente, falta de energia e diminuição da sensação de bem-estar, sobretudo quando outras causas já foram investigadas e descartadas”.
A perda de massa muscular e ganho de gordura, mesmo com atividade física regular e dieta balanceada são também sinais que podem levar o médico a solicitar a dosagem. Já o aumento de pelos no corpo (hirsutismo), acne e queda de cabelo são sintomas que podem indicar excesso de testosterona (hiperandrogenismo), que precisa ser investigado.
Suplementação: quando e como?
A suplementação de testosterona em mulheres é um tema que gera muitas discussões e deve ser abordada com cautela e sob estrito acompanhamento médico. Não é uma prática indicada para todas as mulheres e não deve ser iniciada sem uma avaliação médica detalhada.
Segundo o Dr. Alexandre, a reposição de testosterona é geralmente indicada para mulheres que apresentam deficiência comprovada do hormônio e que manifestam sintomas significativos que impactam sua qualidade de vida, após descartar outras causas para esses sintomas. As situações mais comuns incluem:
- Pós-menopausa: quando os níveis hormonais declinam naturalmente e a mulher apresenta sintomas como baixa libido, fadiga e perda de massa óssea ou muscular que não respondem a outras terapias
- Ooforectomia bilateral (remoção dos ovários): cirurgia que leva a uma queda abrupta nos níveis de testosterona
- Insuficiência adrenal: condição que afeta a produção de hormônios pelas glândulas adrenais.
Assim como a suplementação, a forma de administração, dosagem e duração do tratamento dependem da avaliação individual de cada paciente, dos níveis hormonais e da resposta clínica.
A suplementação de testosterona realizada indiscriminadamente ou em doses inadequadas, pode levar a efeitos colaterais como aumento de pelos (hirsutismo), acne, alteração da voz, aumento do clitóris e alterações no perfil lipídico.
Por este motivo, o acompanhamento médico rigoroso é essencial para monitorar os níveis hormonais, ajustar a dosagem e gerenciar quaisquer efeitos adversos.