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40 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço por ano
Julho Verde alerta para cerca de 40 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço por ano
Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que o Brasil deve registrar aproximadamente 40 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço por ano entre 2023 e 2025 — incluindo tumores em boca, faringe, laringe e tireoide. Pelo menos 78 % desses casos são diagnosticados tardiamente, o que diminui as chances de cura.
Com o intuito de chamar atenção para a incidência de tumores de cabeça e pescoço, e para a necessidade de diagnósticos mais precoces e precisos, órgãos como a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e pescoço (SBCCP), Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG) e Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) se uniram em apoio à criação do julho verde, iniciativa oficializada em 2022 pela Lei 14.328/22.
Para se ter uma ideia da importância desse tipo de campanha de conscientização, 6 em cada 10 pessoas vão desenvolver em algum momento da vida o nódulo endócrino mais comum, que é o da tireoide. Os procedimentos padrão para o diagnóstico desse tipo de nódulo são a ultrassonografia e a punção aspirativa (PAAF). Porém, cerca de 30% dos nódulos de tireoide são classificados como indeterminados, e milhares de pacientes todos os anos acabam se submetendo à cirurgia diagnóstica.
Segundo o Dr. Marcos Santos, pesquisador do A.C. Camargo Câncer Center e fundador e CEO da deeptech Onkos, a glândula do paciente é retirada para então se obter uma resposta de malignidade ou não. E em 80% dos casos, é constatado que não havia necessidade de cirurgia.
Tecnologia a favor do diagnóstico precoce e de precisão
Para mudar esse cenário, testes moleculares, como o mir-THYpe full, da deeptech Onkos, vem ganhando mais destaque. Eles avaliam microRNAs para indicar se um nódulo é benigno ou maligno. Esse avanço pode significar mais pacientes poupados de cirurgias desnecessárias.
“Em um de nossos estudos de utilidade clínica, publicado na The Lancet Discovery Science, demonstramos que o nosso teste foi capaz de evitar quase 75% das cirurgias que seriam desnecessárias. Isso significa que, no Brasil, dos mais de 50 mil casos anuais de nódulos indeterminados com indicação cirúrgica, pelo menos 35 mil poderiam evitar a operação se tivessem acesso a um diagnóstico molecular que sugerisse benignidade”, explica Santos.
Essa revolução molecular impacta diretamente no cuidado: menos cirurgias invasivas, preservação de funções da tireoide e menos efeitos adversos. Além disso, o mapeamento genético (mutação BRAF, RET, MGMT etc.) abre caminho para tratamentos personalizados — um avanço da medicina de precisão no sistema oncológico -, e destaca o quão fundamental é investir em políticas públicas que ampliem o acesso a esses exames. Com conscientização, tecnologia e sistema de saúde fortalecido, o Brasil pode transformar julho em um marco real de prevenção.
Prevenção é o melhor caminho
A prevenção é a melhor forma de cuidado. Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, manter uma boa higiene bucal, vacinar-se contra o HPV, manter uma alimentação equilibrada e realizar consultas médicas regulares são atitudes simples que podem reduzir significativamente os riscos.
Muita atenção aos sinais, que são rouquidão persistente, nódulos no pescoço ou na tireoide, dificuldade para engolir, feridas na boca que não cicatrizam, e perda de peso sem explicação. Caso perceba algum desses sintomas, procure um especialista.