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Câncer ginecológico - Desinformação e preconceito com exames e vacinas

Desinformação e preconceito com exames e vacinas ainda são os principais gargalos na prevenção do câncer no Brasil
Cerca de 30 mil brasileiras recebem o diagnóstico de tumores ginecológicos a cada ano, mas menos da metade da população sabe que a vacina contra o HPV pode prevenir algumas dessas doenças.
 
O conhecimento das brasileiras sobre os diferentes tipos de câncer ginecológico chama a atenção da comunidade médica pelo alto nível de desinformação em torno do tema. Além de uma série de mitos e meias-verdades que circulam na internet sobre os métodos de prevenção e rastreamento dessas doenças, preconceitos e a resistência à realização de exames ginecológicos de rotina e vacinas, como a do HPV, ainda se mostram os principais obstáculos para as políticas de prevenção no Brasil.
 
Dados do A.C.Camargo Cancer Center, em parceria com a Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados, publicados em 2024, mostraram que menos da metade da população brasileira (48%) sabe que a vacina contra o HPV pode prevenir diferentes tipos de câncer. Além disso, 25% acreditam que a vacina só é aplicada em mulheres (majoritariamente sexualmente ativas). A falta de conhecimento é ainda mais prevalente entre a população jovem. Já segundo pesquisa encomendada pelo Grupo EVA, presidido pela oncologista Dra. Andrea Gadelha, 57% das brasileiras não sabem que o HPV é o principal agente causador do câncer de colo do útero e 82% não têm conhecimento de ao menos uma informação essencial sobre o vírus.
 
“Esse cenário de resistência e fake news reflete diretamente na baixa adesão vacinal de homens e mulheres, sejam eles adolescentes ou mesmo adultos, assim como na realização de exames ginecológicos considerados desconfortáveis, como o Papanicolau, mas que são importantíssimos para o rastreamento de possíveis tumores. Por essa razão, campanhas como o Setembro em Flor são tão necessárias para quebrar esses tabus”, afirma a Dra. Andrea Gadelha, idealizadora da campanha Setembro em Flor, presidente do Grupo EVA e vice-líder do Centro de Referência em Tumores Ginecológicos do A.C.Camargo Cancer Center.
 
O papilomavírus humano é um vírus que provoca infecções sexualmente transmissíveis (IST). Há mais de 200 tipos de HPV, 14 deles considerados oncogênicos, sendo a maioria responsável por sintomas como verrugas, coceira, ardência e manchas na região genital, no ânus ou na boca, que exigem tratamento e acompanhamento médico. A infecção persistente por HPV pode levar ao desenvolvimento de câncer do colo do útero, vagina, vulva, pênis, ânus, boca e garganta. Hoje, estima-se que cerca de 5% de todos os cânceres no mundo sejam causados pelo vírus.
 
Dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) revelam que, a cada ano, cerca de 30 mil mulheres recebem o diagnóstico de algum câncer ginecológico. De acordo com um levantamento do A.C.Camargo Cancer Center, eles já representam pouco mais de 5% dos tipos de câncer atendidos na instituição. Entre 2000 e 2020, mais de 5 mil pacientes com tumores ginecológicos foram tratadas no Cancer Center. A análise desses casos revela que o câncer de colo do útero é o 4º mais prevalente entre mulheres, mesmo sendo 100% evitável. Apesar da alta incidência, as taxas de sobrevida de pacientes com esse tipo de diagnóstico saltaram de 60,9% (em 2000) para 83,6% (em 2020).
 
Desde que passou a ser oferecida de forma gratuita pelo SUS, em 2014, a vacina contra o HPV enfrenta resistência, mesmo com comprovação científica consistente de sua eficácia. No Brasil, existem dois tipos de vacina disponíveis: a quadrivalente e a nonavalente (esta apenas na rede privada). Na rede pública, a vacina disponível é a quadrivalente, indicada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, pessoas imunossuprimidas ou em tratamento oncológico (até 45 anos) e vítimas de violência sexual. Já na rede privada, a vacina disponível é a nonavalente, recomendada para homens e mulheres entre 9 e 45 anos, mesmo aqueles que tiveram contato prévio com o HPV ou até com um câncer relacionado a ele.

“Embora a prioridade seja a imunização antes do início da vida sexual, pessoas adultas que não se vacinaram na adolescência também devem buscar a imunização. Afinal, hoje sabemos que a vacina é uma das ferramentas mais poderosas para reduzir os casos de câncer de colo do útero e de outros cânceres relacionados ao HPV. Além disso, é fundamental adotar outras estratégias de prevenção, como o uso de preservativos nas relações sexuais, a realização de exames de rastreamento regulares e o tratamento das lesões precursoras”, reforça a especialista.
 
Além do câncer de colo do útero, os demais cânceres ginecológicos também exigem atenção. O câncer de ovário, por exemplo, é um dos mais letais, muitas vezes associado ao histórico familiar e geralmente silencioso em sua evolução. Já os tumores de endométrio, vagina e vulva podem apresentar sintomas como sangramentos anormais e alterações urinárias, sinais que não devem ser ignorados. “Prevenir também significa rastrear. Consultas regulares ao ginecologista e a realização de exames de rotina, como o Papanicolau e o teste de DNA do HPV, são fundamentais para identificar doenças em estágios iniciais e aumentar as chances de cura”, destaca a oncologista.

A campanha Setembro em Flor, que busca conscientizar sobre os cânceres ginecológicos, reforça a importância da informação de qualidade, da vacinação e do diagnóstico precoce como aliados indispensáveis na luta contra a doença.

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