Hora certa:
 

Noticias

Biópsia líquida, o novo ‘exame de sangue’

Biópsia líquida, o novo ‘exame de sangue’, promete revolucionar o diagnóstico do câncer, mas especialista alerta: 'ainda não substitui o método tradicional'
 
Dr. José Carlos Sadalla explica como a técnica inovadora detecta o DNA do tumor no sangue e pode antecipar o diagnóstico em anos, mas ressalta que a tecnologia ainda está em validação e seu uso exige cautela.
 
São Paulo, 15 de setembro de 2025 – Uma simples coleta de sangue com o potencial de detectar o câncer anos antes dos primeiros sintomas. Essa é a promessa da biópsia líquida, uma técnica inovadora que está na vanguarda da oncologia e representa um dos mais promissores avanços no diagnóstico precoce da doença. Contudo, apesar do otimismo, a aplicação em larga escala ainda depende de mais estudos e validação clínica.
 
O Prof. Dr. José Carlos Sadalla, especialista em Mastologia e Oncoginecologia, explica o funcionamento, as vantagens e os desafios dessa nova fronteira da medicina.
 
O que é e como funciona a biópsia líquida?  
Diferente da biópsia tradicional, que remove um fragmento de tecido do tumor, a biópsia líquida é um exame não invasivo que analisa uma amostra de sangue (ou outros fluidos corporais) em busca de "rastros" do câncer. A tecnologia procura por frações do DNA do tumor que circulam na corrente sanguínea, o chamado ctDNA.
 
"A grande revolução da biópsia líquida é a capacidade de nos dar um retrato molecular do tumor de uma forma muito menos agressiva para o paciente", explica o Dr. Sadalla. "Ao encontrar e analisar esse DNA tumoral, conseguimos identificar características genéticas do câncer, monitorar a resposta ao tratamento e até detectar uma possível volta da doença muito antes de ela aparecer em exames de imagem. É uma janela para o futuro do tratamento oncológico."
 
A tecnologia utiliza inteligência artificial e machine learning para processar os dados encontrados no sangue e identificar padrões que indiquem a presença e, em alguns casos, até a origem do câncer. Pesquisas recentes no Reino Unido, por exemplo, identificaram mais de 100 proteínas no sangue associadas ao surgimento de câncer até sete anos antes do diagnóstico convencional.
 
O futuro: testes de detecção precoce de múltiplos cânceres (MCEDs)  
A biópsia líquida é a base para o desenvolvimento dos testes MCED (multi-cancer early detection), que buscam rastrear diversos tipos de câncer de uma só vez. Grandes estudos estão em andamento, como o do teste Galleri®, com mais de 140 mil pessoas no Reino Unido, cujos resultados são aguardados para 2026. A ideia é que esses testes possam complementar métodos de rastreamento já estabelecidos, como a mamografia, ou servir para tumores que hoje não possuem um método de triagem eficaz, como os de pâncreas e ovário.
 
Cenário atual: promessas e limitações 
Apesar de promissora, o Dr. Sadalla ressalta que a tecnologia ainda tem um caminho a percorrer antes de ser usada em larga escala.
Vantagens: É menos invasiva, permite o monitoramento contínuo da doença e ajuda a personalizar o tratamento.
Desvantagens: O alto custo (de R$ 6 mil a R$ 15 mil), a sensibilidade ainda limitada para tumores muito iniciais e o risco de resultados falso-positivos são os principais desafios.
"Hoje, no Brasil, a biópsia líquida já é uma realidade na rede privada para indicações muito específicas, como monitorar a progressão de uma doença avançada ou avaliar a necessidade de tratamento complementar após uma cirurgia. Contudo, ela ainda não está disponível no SUS ou na maioria dos planos de saúde e não substitui a biópsia de tecido para o diagnóstico inicial", afirma o médico.
 
O perigo dos marcadores tumorais tradicionais 
O Dr. Sadalla também faz um alerta importante sobre a interpretação de exames mais antigos, como os marcadores tumorais (CA 125, CEA, etc.), que podem gerar confusão e ansiedade.
"É fundamental que os pacientes entendam: marcadores tumorais não servem para diagnóstico de câncer. Eles podem estar alterados por uma infinidade de condições benignas", explica. "O exemplo clássico é o marcador CA 125, que pode subir em casos de endometriose, cistos no ovário ou até hepatite, sem ter nenhuma relação com câncer. Usá-los de forma isolada para rastreamento pode levar a pânico e procedimentos invasivos desnecessários. A medicina de precisão, como a biópsia líquida, busca justamente superar essa falta de especificidade."

Artigos

ver tudo

Banner Snifbrasil

kupi kvadrat


UPpharma on-line: publicação dirigida a médicos, prescritores e profissionais da saúde


(11) 5533-5900 – uppharma@uppharma.com.br
O conteúdo dos artigos assinados no site e no boletim UPpharma on-line é de responsabilidade de cada um dos autores. As opiniões neles impressas não refletem, necessariamente, a posição desta Editora.
Não é permitida a reprodução de textos, total ou parcial, sem a expressa autorização da DPM Editora.
Informações adicionais poderão ser solicitadas pelo e-mail uppharma@uppharma.com.br . Qualquer dúvida, ou dificuldade de navegação, poderá ser atendida pelo serviço de suporte UPpharma on-line pelo e-mail: uppharma@uppharma.com.br

Seu IP: 18.97.14.82 | CCBot/2.0 (https://commoncrawl.org/faq/)