Sabemos que a respiração é uma função vital e inata que permite a sobrevivência do ser humano. A respiração nasal é caracterizada como o modo fisiológico e adequado de respiração, sendo realizada quando há integridade do nosso corpo e funcionamento do nariz e garganta (via aérea superior) e brônquios e pulmões (via aérea inferior).
No entanto, se ocorre algum tipo de obstrução ou impedimento da via aérea superior pode gerar condições para o desencadeamento da respiração oral, que, como consequência, pode provocar modificações importantes nas estruturas que compõem a nossa face e seu funcionamento, como distúrbio no crescimento dentofacial, postural, na sucção, na mastigação, na deglutição, na fala e na voz.
Segundo a Fonoaudióloga e Coach, Patricia Antoniazi, a respiração oral é uma patologia frequente na infância, adolescência e fase adulta, possui etiologia multifatorial. Além disso, ela pode ser classificada como respiração oral em obstrutiva e não obstrutiva. “A respiração oral em obstrutiva ocorre quando há impedimento mecânico à passagem de ar pelas vias aéreas superiores,
replica orologi di lusso e não obstrutiva ou viciosa, está relacionada a hábitos orais prolongados, alterações musculares edema transitório da mucosa nasal, obstrução reparada nas vias aéreas, entre outros fatores”, explica.
Face comprometida
Quando o indivíduo apresenta uma respiração oral ele pode apresentar algumas alterações orofaciais. “Anteriorização da cabeça, face estreita e alongada, lábios abertos ou entreabertos e ressecados, lábio superior curto e hipofuncionante, lábio inferior com eversão e volumoso, língua hipotônica e rebaixada são algumas das modificações”, ressalta a fonoaudióloga.
Além disso, o indivíduo pode apresentar musculatura orofacial hipotônica, nariz achatado com narinas pequenas, protrusão dos dentes superiores e rotação do ângulo da mandíbula no sentido horário.
Obesidade X Respiração
A ocorrência de respiração oral tem aumentado nos últimos anos e tem sido associada ao aumento da prevalência de obesidade em jovens. “Um possível mecanismo fisiopatológico para esta associação inclui a hipertrofia das tonsilas faríngeas, cuja causa pode estar ligada a alterações hormonais e inflamatórias, que por sua vez, levam ao crescimento local e/ou somático, observado nas crianças obesas, além da rinussisite”, esclarece a Dra.Patricia.
Além disso, ainda existe uma associação entre obesidade na criança e a síndrome da apnéia do sono. Um estudo recente demonstrou que as crianças obesas apresentam um risco quatro vezes maior de apnéia do sono quando comparadas a crianças não obesas.
Essa pesquisa foi realizada pela fonoaudióloga Patrícia Antoniazi com 101 adolescentes, 51 obesos e 50 com peso normal, de ambos os sexos com médias de idades de 16,18 (±1,34) no grupo obeso e 16,32 (±1,41) no grupo de eutróficos, foi visto que os obesos apresentaram uma porcentagem muito maior de respiração oral. “Deve-se levar em conta que o olfato e o paladar estão diminuídos nos respiradores orais e, dessa forma, a opção pelo tipo de alimento pode não ser feita pelo apetite, mas pela consistência e facilidade de ingestão, permitindo que o adolescente continue respirando pela boca enquanto mastiga”, frisa a especialista.
Quem tem respiração oral pode apresentar alterações alimentares que podem gerar redução e/ou aumento do apetite, devido à diminuição do paladar e do olfato. “Isso pode acarretar inapetência ou, ao contrário, ocasionar mastigação rápida, que, por sua vez, pode levar a um aumento da ingestão de alimentos, favorecendo o excesso de peso”, diz a Antoniazi.
Neste estudo realizado por Antoniazi foi visto que os obesos comeram mais rápido quando comparados com os magros. De acordo com a especialista, as alterações corporais também são muito comuns neste grupo de crianças e adolescentes respiradores orais. “A postura da cabeça é resultado de um complexo e delicado equilíbrio entre os músculos envolvidos no sistema cérvico?crânio-mandibular, que visam à manutenção da via aérea faríngea”, afirma a Dra.Patricia.
Essa postura anteriorizada de cabeça está relacionada à respiração oral, sendo descrita como uma adaptação para ampliar e facilitar a passagem de ar pela orofaringe. Porém, a mudança na posição da cabeça exige que a coluna se adapte para compensar o desvio, gerando modificação em toda a postura corporal.
Poucos estudos realizados procurou relacionar esses achados com o excesso de peso corporal, fato hoje tão presente na população pediátrica. Dentre essas adaptações, destacam-se língua com postura inadequada no assoalho oral ou interposta anteriormente entre as arcadas dentárias, lábio inferior espesso e com eversão, hiperfunção do músculo do queixo, flacidez de lábios, língua e bochecha, alteração da deglutição, fala distorcida, assimetria facial, postura aberta de lábios e palato estreito, entre outras alterações corporais de cabeça, pescoço, tronco e abdômen que acompanham o quadro. Este padrão de crescimento e desenvolvimento acarreta grandes prejuízos para a criança e adolescente obesa, sendo ainda mais agravada com o padrão alterado da respiração.