O ato de cuidar é essencial para a vida humana. Em meio a tantos progressos tecnológicos, praza-se cada vez mais por olhares e um contato humanístico, principalmente quando se trata da medicina.
Com essa premissa, o XXIV Congresso Brasileiro de História da Medicina fará um raio-X a profissão médica em sua totalidade, incentivando a pesquisa e enfatizando a necessidade de especial valorização do humanismo ao longo de toda a formação do médico.
Com uma programação completa, o evento conta com conferências de convidados especiais e reconhecidos na área. Entre eles está o renomado professor grego Nicolas Kastanos Hatzinicolis, fundador do Movimento Hipocrático e da Aliança Global para Educação Médica. Ela desenvolverá aula magna de título “Hipócrates, a Tecnologia e o Rosto Humano na Medicina”.
Um dos motes abordados por Kastanos é a mudança acarretada pelo volume de conhecimento, especialização dos médicos, avanços na tecnologia e a moderna estrutura gerencial dos sistemas de saúde, que geraram certo impacto e desequilíbrio entre ciência e toque humano. Vale pontuar que Hipócrates definiu a medicina como profissão de equilíbrio de “excelência na ciência e no toque humano”.
Ela ainda tratará da essencialidade de a medicina não fugir às origens. Mesmo porque das principais motivações dos estudantes que ingressam nas faculdades de Medicina é servir à comunidade. Contudo, já foi demonstrado que se esse estímulo não for cultivado, especialmente durante os primeiros anos do curso, pode desaparecer em uma porcentagem considerável dos casos.
Longa trajetória
Desde a sua criação, em 1951, o Congresso já percorreu diversos pontos do Brasil. Agora volta a São Paulo após 20 anos. Entre 24 e 27 de outubro, na sede da Associação Paulista de Medicina (APM), profissionais de diferentes áreas vivenciarão o encontro mais expressivo relacionado à História da Medicina no país. Conhecimento e experiências serão compartilhados em conferências, temas livres (trabalhos científicos), premiações, homenagens por entrega de medalhas, mesas redondas e apresentações de pôsteres.
A expectativa é formar um grande encontro de médicos, professores, historiadores e estudantes de diversas especialidades “Um dos objetivos é difundir a importância do conhecimento da história da medicina para aquele que vai exercer a profissão em um futuro próximo: os jovens”, comenta Lybio Junior, presidente da Sociedade Brasileira de História da Medicina e do Congresso.
Para ele, é fundamental saber sobre o passado para compreender e desfrutar o presente “Hoje em dia, com toda a tecnologia e recursos que apreciamos, o médico se afasta um pouco da parte humana da medicina, que é o lado mais importante. Em todos os períodos da história, aqueles que exerceram a medicina foram úteis a sua comunidade porque existem outros aspectos além da ciência em um tratamento médico. “Ela é ciência no conteúdo, mas é arte na aplicação.”, completa.
PREMIAÇÃO
As premiações são uma tradição do Congresso Brasileiro de História da Medicina; visam a incentivar a pesquisa na área de história da medicina. O “Prêmio Carlos da Silva Lacaz” será atribuído aos estudantes de medicina que concorrem, em nível nacional, com monografias relacionadas ao assunto. A “Medalha José Correia Picanço” reconhecerá personagens com contribuição ao ensino médico do estado-sede (São Paulo), enquanto a “Medalha Ivolino Vasconcellos” brindará os participantes que lançaram livros sobre História da Medicina no ano de realização do Congresso.
PRIMEIRO ENCONTRO
O XXIV Congresso Brasileiro de História da Medicina também traz uma novidade para essa edição. Ele será palco do I Encontro das Academias de Medicina de São Paulo e do Rio Grande do Sul, uma parceria que visa fazer um intercâmbio entre as entidades médicas das duas regiões.
Essa realização conjunta trará aos participantes do evento um enriquecimento científico, cultural, político e social, através de uma troca de experiências e conhecimentos.
De acordo com Lybio, a iniciativa é extremamente frutífera para que as academias se unam em busca de uma medicina cada vez melhor “O médico conhecendo a origem daquilo que está abordando consegue explicar ao paciente de uma forma que ele compreenda o aumenta a confiança deste no próprio médico e no tratamento. A história da medicina ensina a importância da relação humana”. E Lybio completa: “Em medicina, o conhecimento científico sem a relação humana faz um técnico, a relação humana sem conhecimento faria um charlatão, somente a união de ambos, conhecimento e relação humana, conseguem fazer o verdadeiro médico”.
Para mais informações sobre valores, inscrições e envios de trabalhos acessar
http://associacaopaulistamedicina.org.br/atualizacao-medica/eventos/xxiv-congresso-brasileiro-de-historia-da-medicina